sábado, 20 de novembro de 2010

Foi em Maio

Por Silvana Pimentel Batista

Foi em Maio que ele começou a escrever poemas pensando nela.
Muitas luas cresceram, encheram, minguaram enquanto
As palavras lhe visitavam
e ele as registrava com esperança.
Enquanto oceanos e desertos os separavam.

Até que chegaram os luares de Setembro...
Sedentos, escreveram até de madrugada, poemas nos corpos
Um do outro.
Ele procurava a curva do seio mais bonita,
Para continuar o poema que começara nas coxas da amada.

Depois,
Lânguida, entre um clímax e outro,
Rabiscava nele,
Poemas de encanto.

Com uma orquídea vermelha nos cabelos,
Ela sorria.
Sorria porque sentia-se livre,
porque ele a queria,
Entre tantas que conhecia.

No anseio,
Do incendeio,
Ele mergulhou na baia mais calma,
E profunda,
De lá, tirou energia
Para navegar em todos os mares.
E se entregou...
Para isto, apenas sentiu...
Sentiu o turbilhão dos poemas que viriam,
A paz e a calma dos amores amados.
E dos momentos eternizados.
Sentiu que a merecia
E beijou a flor que depositara nos cabelos da amada minutos antes. 

Ponto de Desejo

Por Silvana Pimentel Batista

Quando beijas, dás...
Mas o beijo que dás, não lho perdes,
Também o recebes.

Se beijas,
Também és beijado...
E nem sei se vais beijar mais,
Do que serás beijado...

Ponto de interrogação...é isso que me falta,
Quisera ter ponto de desejo no teclado,
Do jeito que tenho naquele lugar,
Que queres tocar...
No lugar em que encontrastes a orquídea úmida,
Lá mesmo,
Onde queres desvendar,
Um dia...
Tocando as paredes do jardim
Recolhendo a flor,
cálice de mulher.

Uma libélula voa dentro de mim,
Nestes luares de Setembro,
Porque paixão faz esvoaçar...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sonhos esfacelados

Por Silvana Pimentel Batista

Os pardais se preparam para dormir.
O carro desliza na estrada tortuosa
Dos sonhos esfacelados.

Quisera dizer-te que,
Se errei,
Erraste comigo.

Errar é não fazer?
Desejei errar...
Um error de fada madrinha,
Que nada faz a não ser desejar o firmamento para você,
Mesmo quando pensas que não me queres mais.

As vacas apascentam-se quando a noite cai.