As formigas caminham nas trilhas de açúcar
A caneca de café festeja a minha boca,
E me avisa:
Um dia de cada vez.
Um cachorro late,
Outro cachorro uiva pensando ser lobo.
A montanha verde escura emerge da noite,
Querendo reter a escuridão,
Quando os pássaros já celebram o dia.
Há um jardim embaixo da minha varanda,
Uma montanha atrás do jardim
E a orquídea que ganhei de aniversário ainda está em flor.
Na pequena horta fecundam-se a hortelã, o manjericão e alecrim,
E os pássaros cantam.
Eu contemplo e amo a tudo:
A trilha das formigas, o jardim, o jasmim, as orquídeas, as violetas, o latido do cão, a montanha , os pássaros, os aviões, a caneca de café, o cheiro do café, o pão com passas e canela.
Amo. Amo a tudo o que vejo,
as ondas do mar,
O voo dos pássaros,
De todos os pássaros,
E, devo confessar,
Amo mais as gaivotas, porque elas amam o próprio voo.
Amo a tudo e a todos,
E ao mar, porque ele se assemelha a ti,
Amo as árvores por que sou selva,
Amo a água porque rio caudaloso sou,
As veias do meu corpo correm e descem para o mar,
E o mar, em maré alta, sobe para me encontrar,
Me dá um abraço
E beija as minhas águas como quem seca um pranto.