quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Violetar


Poema dedicado à minha avó Atalgibes Pereira Pimentel.
“Longe é um lugar que não existe.” Richard Bach
– 21/04/2010
Silvana Pimentel Batista

As violetas violetaram no outono.
Violetou  meu desejo
Que é todo,
Total.

Violetaram as violetas cor de rosa,
Claras como a brancura fantasmagórica
Da sua lembrança.

Verei seu vulto?
Você deitará sua cabeça no meu colo, do jeito que eu,
Outrora, repousava no seu?
Seu cheiro de fritura,
De milho assado,
De brasa queimando no fogão de lenha...
Todas as violetas me lembram você.
Suas mãos finas, queimadas pelo fogão implácido,
Grossas veias queimavam-lhe as pernas,
Arrebentadas pelo arroz-e-feijão, diário,  para os hóspedes.
Eu não era hóspede.
Mas era neta,
Mais especial do que violetas,
Do que a gata alva Mimi.
Eu te amava com loucura.
Minha avó.
E nem sabia…

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