quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sobre seres humanos...

Minha gata Florzinha me adora. Na noite passada, estranhou a cama pequena, no escritório, mesmo assim, para lá me acompanhou e dormiu aos meus pés. Às vezes, ela me olha com um olhar de amor sem tamanho e não consigo evitar uma pergunta: Será que já fui amada mais do que ela me ama?

Hoje acordei cedo. Na mesa da sala, ouvindo Ludovico Einaudi, eu abria conta por conta e anotava. Somava, dividia, calculava... Feliz por estar viva, ter contas (os mortos não precisam mais pagar suas próprias contas!)... Feliz por ter esperanças na vida... Quando minha gata Florzinha escalou a mesa e se posicionou bem em cima das contas que eu pagava.

Inocente, confiando demais no amor da minha gata, levei minhas mãos ao seu corpo, na tentativa de retirá-la da mesa. Ela, então, se virou contra minha mão esquerda, a agarrou como quem segura um pássaro, com as quatro patas e me mordeu o pulso várias vezes. E eu lhe dizia “não, não” e ela continuou a me morder, a segurar meu pulso com unhas afiadas, arranhando, mordendo, até sangrar.


Einaudi me encanta com suas melodias, e eu me pergunto quão temos de gatos. Quão humana minha gata é... Que me ama mais que os seres humanos me amam... E quão gatos somos, quando somos ariscos, quando nos escondemos, quando amamos e machucamos o ser amado. Não basta arranhar um pouco... Não é o suficiente. Queremos segurar, com nossas quatro patas e morder, morder a jugular, subjugar, fazer sofrer, morder, morder até ver a presa sangrar. 


Que estranho é ser humano! 

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