quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os poentes do Mato Grosso


Os poentes do Mato Grosso,
Pura solidão.
Coisa descendo, avermelhando dentro da gente.
Gostava daqueles pores de sol,
Do chão de terra batida, do rio escuro
A quem ia fazer companhia.
Momentos em que me permitia ser triste.

Em outros,
Andava ajoelhada pela cidade,
Espalhando sangue,
Nas lascas diamantosas,
Implorando ao pistoleiro
Que me protegesse da morte.

Escorpiões me espreitavam do teto,
Enquanto um tucano morria numa gaiola...
A alma desse tucano ainda me visita,
De tempos em tempos,
Para me lembrar que o matei.
Sou culpada.
Por que aceitei-o de presente, como se aceita um livro,
Um anel?

Talvez, por isso, hoje, faça anéis.

Carrego em mim toda a culpa dos meus erros,
Todo o ruído do firmamento,
A catinga do mundo e
desejo de viver e de voar.

Sabe que a cobra, mesmo a bem pequenininha, anseia injetar veneno?
Tento justificar a minha maldade.
Quando a vi,
ela já me preparava o bote...
Tudo tão rápido. 
O bote, o pau, a morte.
Cobra e tucano.

Aprisionei o tucano.
Aprisionei-me.
Acorrentei-me quando aceitei o tucano...
Um ser que voa não deve ser aprisionado... nunca...
Acorrentei-me quando afastei o desejo. 

2 comentários:

  1. Lí gostei muito..Parabéns...
    Escreva sov uma amizade de infancia ...rs
    bjs amiguinha

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  2. Oi Regina!

    Obrigada, querida. Pois é... este é um ótimo tema!!!

    Bjs,

    Silvana

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