sábado, 31 de março de 2012

Trajes de lua

Escura é a lua
Que não nasceu,
Escura, a distância e a esperança,
Esperança de esperar
E nunca se cansar.

A lua escureceu em mim
E meu sonho clareou:
Tu nunca virás
E eu nunca irei,
E tu estás aí,
E eu estou aqui.

E saber que existo
E que tu existes,
E que somos absurdamente felizes, apesar de nós,
E apesar do desejo morto ainda menino,
Saber que outras pessoas virão,
Que a vida é uma roda de tempo,
Este tempo infinito com que, ingenuamente,
nos ofertamos
E apesar de que tudo o que temos
É esta água corrente que nos alimenta e nos mata, a ambos, ao mesmo tempo,
Lobos vorazes de nós mesmos;
Saber que somos nada,
E que queremos tudo,
Transforma o tempo, em imperador.
E a lua mostra seu traje de imperatriz ou de atriz.

Silvana Pimentel Batista

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