domingo, 27 de maio de 2012

Só eu

Homenagem a Fernando Pessoa

Nunca conheci uma mulher admitisse ter sido ridícula,
Nunca conheci um ser que tenha sido enganado,
Que me falasse a verdade sobre si mesmo
Nunca conheci ninguém que expusesse suas cicatrizes.

Só eu fui ridícula,
Só eu fui fraca,
Só eu fui boba,
mil vezes ingênua,
Só eu confessei meu amor exagerado,
Mil vezes enganada
Mil vezes não amada.

Só eu ouvi as gargalhadas daqueles que me enganavam
Eu que fui um dia advogada de grandes causas,
Quero agora advogar a causa maior
o amor
(Porque o amor é sempre a maior causa do mundo)

Eu que expus publicamente minhas cicatrizes 

como quem expõe suas telas de pintura
Eu que sempre perdi
Eu que muito menti
Eu que tanto enganei
Enquanto mais me enganava
Eu que colecionei lições
Eu que extraí força da lama que me atiraram
Eu que tanto aprendi
E me valorizei
Eu me fortaleci nesta história longa chamada vida,
Onde o amor é um belíssimo tesouro oculto.


Silvana Pimentel Batista

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