quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Conselho de amiga

21/10/2010

Querida amiga,

Li com cuidado a sua mensagem e, apresso-me a respondê-la.

Vejo que você precisa de uma atenção especial, um curativo na alma... Entendo que alguém lhe partiu o coração e agora não sabes o que fazer... Você pede que eu a entenda... E não a julgue, porque as pessoas, de modo geral, lhe acham louca quando falas que se apaixonastes por alguém, pela Internet.

Eu tenho algumas considerações que, com sorte, poderão ajudá-la.

Em primeiro lugar, de forma nenhuma, lhe acho louca porque se apaixonastes, por alguém que nunca vistes. Sabe, uma vez fiz amizade com uma senhora, 40 anos mais velha do que eu, por carta, e nós nunca nos vimos. Tive um livro meu publicado, ela fez uma crítica do meu livro em um jornal em Oklahoma e gostou do livro. Então, ela me enviou a crítica publicada, com uma carta escrita à mão, com uma letra linda, e a contatei para agradecer e a partir daí, nos tornamos amigas. Escrevíamos-nos, nos falávamos ao telefone.

Ora, a amizade é uma forma de amor, então, se podemos ter amigos que nunca vimos, podemos também amar alguém que ainda não encontramos. Então, esqueça este preconceito, que algumas pessoas possuem de achar que, amor à distância é maluquice – na verdade, qualquer amor, perto ou longe... É complicado. Complicado, porque não existe receita, porque não nascemos sabendo amar e só aprendemos a custa de muito viver...

Em sua mensagem, você se dividiu entre gostar do rapaz – porque ainda não pôde esquecê-lo... E sentir raiva dele, porque ele a rejeitou... E é esta dicotomia entre amar e odiar que eu quero comentar...

A paixão assusta... E nunca podemos saber, ao certo, se ele se afastou de você por muito querê-la... Ou por não querê-la. Você se debate, querendo entender uma situação, que ficará sem entendimento... Então, concorde com Antoine de Saint Exupéry, em seu brilhante livro A cidadela, no qual ele nos conta uma longa história e arremata dizendo que ficava horas tentando entender aquela situação, mas que hoje, ele sabe, que aquilo provavelmente existia para lhe ensinar o valor do segredo e que nunca é possível entender todas as coisas.

O seu valor, amiga, é você que o sente, é você que o tem. Não pense que não possui nenhum valor, só porque alguém há quem você muito queria, não lhe quis.

E, não fique brava com ele. Imagine que a paixão é um pássaro lindo, que voeja em torno de você e que pode ou não partir. Eu sei que o abandono é frustrante, mas ele lhe encheu de sonhos – olhe só que coisa maravilhosa! Os sonhos deveriam ser negociados em lojas, assim como as jóias, pois eles são mais preciosos do que elas. Então, ele lhe deu preciosidades.

Você reclama que ele lhe encheu de sentimento... E depois lhe disse que tinha medo de sofrer e sumiu. “Há tempo para tudo debaixo dos céus... tempo para abraçar e tempo para afastar-se do abraço...” Talvez, amiga, ele não estivesse pronto para o abraço, e tenha preferido se afastar, para pensar.

Às vezes, aquilo que lhe faz sofrer hoje é a base para a sua felicidade amanhã, ou daqui a um ano... Levamos nossa vida, pensando que a controlamos, que sabemos de tudo, mas não controlamos nada, não sabemos de nada. Eu desisti de saber. Concordo com o filósofo: Só sei, que nada sei...

Você reclama que talvez, ele tenha brincado com seus sentimentos... Será? Se ele brincou de amor, e feriu seu coração de propósito... As pessoas são humanas... E o homem por quem você está apaixonada, também é humano – ele não é o Deus que você pensa que ele é.

Abençoe-o, lhe deseje tudo de bom, pois tudo o que você deseja aos outros... Volta para você. Ele não era bom só porque lhe queria... E se transformou em mau, só porque não a quis mais... Ele é o que é, e você gosta dele ainda... Então...

Desista de deixar de pensar nele... Pense nele... Até que o seu coração e a sua mente deixem de pensar nele... Porque, se você abafa o sentimento... Ele volta e voltará com força – cedo ou tarde.

Talvez, por eu ter quase morrido duas vezes na vida, eu tenha um desejo de viver maior do que muita gente que conheci. Eu mereço viver e me permito amar as pessoas a quem realmente amo – e não as pessoas que são mais convenientes de serem amadas, porque estão mais próximas de mim. Afinidade deveria contar mais do que proximidade. Preste atenção na afinidade que tens com as pessoas,

Então, querida amiga, já que não controlamos nada, convide peça a Deus para lhe falar, para lhe mostrar, lhe apontar os caminhos, porque eles são muitos e nem você, nem ele, nem eu sei quais são os melhores caminhos a serem caminhados... O sentimento já é um bom e grande caminho... Mas Deus sabe o que é melhor prá nós.

Um beijo no seu coração e no coração do homem amado,
Silvana 

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