quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Desejo de se esconder

Por Silvana Pimentel Batista

O medo mostra os dentes animais,
Tenho medo de rua.
Prefiro domesticar as orquídeas do meu jardim –
Depósito de idéias e sonhos.

Não sonhei contigo na noite passada,
Mas queria.
Sempre lhe procuro nos meus desejos noturnos.
Você, que nunca está onde estou.
Você, que me mostra as costas, quando lhe mostro os seios.

Você, invasor do meu garimpo de diamantes.
Necrosou a perna,
E convidou-me para ir visitá-lo
Mais uma vez.

Explodi meu carro só prá não ir.
Adoeci e parei na Holanda.
Engravidei de um outro homem,
Sem sucesso.
Quase enlouqueci de solidão em Amsterdãn.
Fantasia maior era olhar as revistas e jornais,
e entender tudo.
Falar português...
As palavras dando voltas no ar, antes de caírem no meu cérebro...
quando telefonava para a embaixada brasileira em Haia
pedindo socorro.
E enricava.

Tornei-me amiga dos piratas holandeses,
Roubadores de livros.
Um me presenteava todo mês
Me emprestando pergaminhos.

Nem o jardim de rainha embaixo da janela,
Ou as esfinges na entrada,
Valiam.
Manuela se encantou ao visitar o lugar que morou dentro de mim.
O medo de amar transmuta-se em solidão.
Desejo esbofeteia a cara da gente todo dia.

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